Rafinha Bastos ameniza críticas recentes ao CQC: “não é novidade para ninguém”

  • Por Jovem Pan
  • 21/03/2018 14h21
Johnny Drum/Jovem Pan Humorista esteve no programa para divulgar o espetáculo "Últimas Palavras"

O humorista Rafinha Bastos usou suas redes sociais no último domingo (18) para homenagear o aniversário de 10 anos de estreia do Custe o Que Custar (CQC), programa veiculado na Band entre os anos de 2008 a 2015 do qual ele fez parte. Na publicação, contou que tem muito carinho pela atração, mas fez algumas críticas aos antigos colegas de trabalho que rapidamente viralizaram. Nesta quarta (21), em entrevista ao Pânico na Rádio, explicou melhor o que quis dizer e amenizou a repercussão supostamente exagerada do post.

“Não é novidade para ninguém. Existem interesses comerciais e financeiros por trás de qualquer atividade e produto. Às vezes te impedem de falar certas coisas e tocar em feridas. O CQC era conhecido por incomodar e perdeu força com passar do tempo ao se adaptar ao mercado. É um processo que todo mundo acompanhou. Não reinventei a roda falando isso. O programa acabou por que não conseguiu manter aquela liberdade que tinha no começo”, explicou.

No post em questão, o humorista escreveu que o programa foi encerrado por “cansaço, covardia, ganância e burrice”. Disse em seguida que não afirmaria que tudo foi incrível “porque não foi”. Por fim, agradeceu aos colegas que fizeram parte daquela história, “menos os de mau-caráter”. As declarações foram entendidas pelo público como uma alfinetada aos ex-companheiros que não o defenderam na época de sua saída da equipe. Para quem não se lembra, isso aconteceu após fazer uma piada polêmica ao vivo envolvendo a cantora Wanessa Camargo. 

Há 10 anos estreava o CQC, um programa que mudou a minha vida. Fui o primeiro a ser contratado e, após 4 anos, o primeiro a pedir pra sair. Tenho um carinho imenso por essa história que acabou por cansaço, covardia, ganância e burrice. Carrego lembranças lindas e outras nem tanto. E não vou ficar aqui dizendo que tudo foi incrível… porque não foi. A vida é assim. “Ah.. Rafinha… como você é rancoroso”. Rancor é o meu pau de óculos. Isso não se chama rancor, champz… se chama “a real”. Um dia eu escrevo um livro sobre isso aí. Obrigado a todo mundo que fez parte dessa história… menos os mau-caráter… esses eu quero que tenham furúnculos gigantescos naquele campinho entre o saco e o ânus.

Uma publicação compartilhada por Rafinha Bastos (@rafinhabastos) em 18 de Mar, 2018 às 2:17 PDT

“Não fiquei magoado com ninguém. Seria sacanagem minha querer que os outros colegas com menos carreira, dinheiro e opções fora daquele espaço abraçassem minha causa e colocassem suas carreiras em risco. O Felipe Andreoli, por exemplo, é um cara de televisão. Estava marcado para fazer TV, seria sacanagem pedir para ficar do meu lado. Mas acho que o Marcelo Tas deveria ter ido publicamente. Ele sabe disso. Mas não colocou pescoço em risco”, disparou. “Quando falo essas coisas sai só a manchete. Então preciso dizer que entendo o lado dele. Ele não se prejudicaria por um maluco”, completou.

Depois de ficar um tempo longe dos palcos, Rafinha está de volta ao teatro com Últimas Palavras, terceiro show solo de comédia stand-up de sua carreira. A ideia não mudou: como sempre, ele seleciona situações cotidianas e as transforma em piada. São incluídos aqui processos judiciais, discussões públicas, divórcio, vida amorosa. Tudo sem papas na língua. E o fato de ele falar sobre qualquer assunto e não fugir de nenhuma pergunta, para ele, virou uma dualidade. Ao mesmo tempo em que se orgulha de ter conquistado fãs fiéis por conta dessa postura “transparente”, confessa que também já perdeu oportunidades de trabalho.

“A verdade é que, quando você fala o que pensa, naturalmente está aberto para que te descontextualizem. É um risco que corro eternamente. Isso me atrapalha profissionalmente? Muito. Perco oportunidades o tempo inteiro. Mas tenho um público fiel que fica feliz com um cara que pensa dessa forma. Prefiro dormir tranquilo com minha cabeça no travesseiro do que ter um monte de patrocínio e me sentir sujo”, declarou.

“Entendo o cara não opinar sobre nada. Antigamente eu metia o dedo, gritava ‘você é um bundão’. Hoje vejo o cara jogando um jogo que faz parte. O cara está no Faustão, está na novela. Às vezes ele tem um passado triste, bate na mulher ou sei lá o que e ninguém sabe. Hoje não importa o que você é, importa o que você parece ser. Isso é triste. Isso é a televisão. Para mim, tem mais mérito quem se expõe. Acho mais verdadeiro. Mas é burrice. Quem não joga o jogo, não chega onde o ‘limpinho’ chega”, completou, ressaltando que com isso não pretende ocupar nenhum posto de “defensor do humor”.

“Cara, nenhuma atitude que tomei foi buscando ser mártir de nada. Nunca. Faço o que acho correto e o que me deixa feliz. Isso me trouxe público fiel, sim, muito legal. Agora, pegar leve ou se adaptar ao sistema te faz arrebanhar mais ovelhas. Os grandes comunicadores do Brasil ninguém sabe o que pensam. Celso Portiolli, Serginho Gorisman. Não falam de legalização do aborto, como eu. Não quero ser polêmico, mas falo o que me perguntam e toco em assuntos que pessoas não estão habituadas a ouvir”, concluiu.

Últimas Palavras está em cartaz em São Paulo no Teatro Frei Caneca. As sessões acontecem às sextas-feiras às 21h30. Ingressos podem ser adquiridos pelo site da Ingresso Rápido.

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